terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Diferença Das Sociedades Reside Na Participação Activa da Cidadania

“A Diferença Das Sociedades Reside Na Participação Activa da Cidadania”. Eis algo interessante e ocorrente. Um tema que propõe no fundo uma comparação com sociedades mais prestigiadas que a nossa, mas com a intenção de proporcionar uma introspecção e não causar rivalidades, até porque no fundo tenho receio de não conter, na minha humilde competência e sabedoria, os argumentos necessários a tomar uma posição favorável à minha pátria de modo a defender tal causa com ilustre participação.
Apareceu-me com um tom de cumplicidade, exactamente como um desafio insuperável. Contudo nada me dá mais prazer do que derrubar barreiras e desafios “mesquinhos”, como este. Nada mais me intriga que a existência de um povo de contradições e feitios complicados. Eu faço parte desta sociedade … irreal. Mas esta sociedade é irreal porque contem indivíduos que têm comportamentos sociais que são dignos de exemplos … a não seguir.
Portugal, jardim de flores à beira mar plantado. Portugal, onde a terra acaba e o mar começa. Tanta poesia rodeia o nosso país, uma nação que tem uma epopeia de aventuras sobre humanas. Meros mortais que conquistaram correntes, ventos e forças imbatíveis. Homens que marcaram a viragem da humanidade e que deram-lhe rumo a porto seguro.
Medíocres! Chamam-lhes, pois. Sortudos, nada mais que mendigos que deram com a boa fortuna por mero acaso. Meus compatriotas, nada disso. Aos estrangeiros que não compreendem apenas digo “Deixai a inveja falar, pois ela cega-vos e guiar-vos-á ao precipício da bruta ignorância”.
Tantos aventureiros que viram gentes morrer e abandonadas ao desespero. Mas tantos outros intelectuais que aqui passaram, que mudaram o mundo para melhor com algo fresco e sempre surpreendente que ditaram o rumo para porto seguro. Mas onde pára esse porto seguro? Esta pergunta perdura mais de 500 anos sem resposta à altura.
Tão pequeno país de gente vibrante onde está essa inovação. Esse espírito inovador, de que tanto vos orgulhais? Onde estão os grandes heróis? Onde estão os descobridores dos nossos dias? Eu sei que eles aqui estão, todos eles. Porque todos nós somos descobridores, todos nos somos heróis, todos nós fazemos a diferença, apenas não fazemos por tal.
Esperar que “alguém” faça a dita diferença, é muito mais simples e confortável!
Esperemos que alguém resolva a crise, a economia mundial, os problemas sociais, os problemas na educação, na saúde, nos transportes etc. Mas esse nem é o problema no seu mais terrível modo. O problema, mesmo, é que todos pensamos assim. Todos esperam que alguém faça algo. O que naturalmente provoca um jogo do empurra em enorme escala. Eu não faço porque alguém o fará e essa pessoa espera que outro o fará e por aí fora, não é verdade? Ora, assim nada se faz porque estamos impedidos de o fazer ou impedimo-nos propositadamente, esperando pelo ”regresso de D. Sebastião”?

A isto, se chama desleixo, passividade, ignorância é basicamente uma mentalidade retrógrada! Apenas uma sociedade como esta entra em decadência repetitivamente. Por exemplo, as sociedades nórdicas são exemplares, pelos cidadãos que contêm! Ai está o segredo da sociedade. Eis um pequeno retrato pintado á pressão da nossa maravilhosa sociedade.
Acusar um sujeito, que pertença a quadros administrativos do Estado, por colocar alguém que lhe é próximo, num cargo de alta relevância por apenas ser-lhe próximo e não merecer o cargo por mérito. É para nós um escândalo total, uma heresia, digna da capa do jornal do dia seguinte senão no exacto diário coscuvilheiro, não concordais?
 Não estou a defender esse tipo de práticas, ora observai com afinco.
Um director de uma escola, que coloca um aluno numa dita turma sem o tal “mérito”, mas porque baseia o seu critério de admissão no facto desse aluno ser filho de indivíduo A ou B que é-lhe próximo. Sinceramente, não exactamente o mesmo caso o caso anteriormente referido? Aliás, no fundo é exactamente a mesma coisa, mas em diferentes escalas. Na situação do director será tudo visto como um caso digno, pois zelou pela criança e o seu pai/mãe que era seu (sua) conhecido(a). Seja lhe entregue mil louvores e um lugar no céu para tal santo que beneficia esta sociedade com o seu caso. Quanto ao administrador público, à “heresia”, é perseguido pelos meios de divulgação sociais. Difamado na praça pública será para sempre condenado ao “inferno”.
Numa situação extraordinária, ambos os casos seriam punidos, mas não.
 No incrível revés do director. Que se calhar é um sujeito que persegue e faz todo o tipo de juízos negativos e injustos contra o administrador do Estado. Aos olhos de um cidadão exemplar, deixa de ser um director. Antes mais será um indivíduo sem coerência e possuidor de um dom para ser hipócrita. Condene-se o administrador do Estado! Á fogueira! Deviam haver leis contra este tipo de situações, gritais vós (provavelmente). Quanto ao director escolar, promovam-no! Pois é um herói salvou o aluno de um ensino fraco e débil, leis? Leis, não se aplicam a casos destes, à nossa justiça popular.
Sem que pareça, de algum modo generalista, acho que acabo de pensar como 70% dos portugueses, que nos abençoam com os seus feitos e presença.

A estrutura social começa no cidadão (individuo) em si, pois a sociedade é um conjunto de cidadãos que envolve as suas actividades, noções de cultura e arte e toda uma série de personalizações carismáticas em inúmeras áreas que desenvolvem uma personalidade que marca e dita essa ligação de sujeitos.
Identidade; é algo que se define. Infelizmente, somos definidos, pela sociedade que é pouco eficiente no seu trabalho, pouco cívica e sobretudo totalmente desadequada. Transpondo tudo isto com o que anteriormente referi, chega-se facilmente à conclusão (em excepção os têm a mente formatada, ou simplesmente não querem ver a raiz do problema), de que a maioria dos portugueses, não é trabalhadora, não é cívica e é totalmente desadequada.
Tristeza e empatia, por aqueles que tentam fazer isto desaparecer e melhorar, mas que por cada um justo temo que possam existir dez pecadores. Não haja melhor situação para empregar um pouco de sabedoria popular, “paga o justo pelo pecador”.
Que é feito do povo que descobriu o mundo? Agora, fica conformado com médias incompetentes e portanto demagogos, com novelas, autênticas epopeias de desgraças e males alheios, com reality shows que realmente só sobressaem a falta de cultura, formação, civismo, sentido ético e também moral das gerações actuais e vindouras, que tal como os seus ascendentes são pessoas conformadas e formatadas por um cubo que imite imagens e sons.
Culpabilizar as médias pelas situações actuais? De modo, algum! Só são a “ponta do iceberg”.
Que tal, referir a medíocre classe politica que governa Portugal desde o 25 de Abril, que nos levou à bancarrota 3 vezes (1977, 1983 e 2010). Como será possível viver numa sociedade democrática que cai no mesmo erro 3 vezes num espaço tão curto?
Não existe sociedade que não seja, conhecida pelos seus fracassos. Quanto ao sucesso já não se aplica, o ser humano é extremamente mórbido e prefere auto-flagelar-se relembrando os seus constantes fracassos, talvez por isso Portugal não seja uma nação melhor.
Talvez por passar todo o tempo cabisbaixo que não somos capazes de olhar para a frente, para o novo, para o futuro, o fresco e possível. Quando olhamos, é só por breves momentos, para apenas exclamar em triste melodia, “Para quê? É só mais uma desgraça a caminho!”.
Eis, a essência do problema! A falta de criatividade, de sentido de oportunidade, até mesmo o desperdício de uma oportunidade perfeita para encarar algo com coragem e positivismo como outrora nos tempos dos nossos antepassados. Onde está a garra, que construiu o império ultramarino mais longo da história? Onde está a atitude exemplar, o comportamento heróico e extraordinário, competente e até de orgulho?
Não está em nós, está nos “outros”. Assim como, poderemos avançar e sair desta calamidade? Se em nós mesmos não começa a mudança? Como podemos acusar o próximo de não cumprir regras básicas se nós mesmos, desdenhamos e profanamos qualquer tipo de código de honra e ética que mantém este país minimamente administrado? Como podemos deixar todo o tipo de decência, trabalhos forçosos e tudo o que exige o mínimo de esforço e sacrifício aos “outros”? “Quem nunca pecou, atire a primeira pedra”.
Esqueceis, que esses outros somos nós. As mudanças que queremos ver não serão feitas até interiorizarmos que temos de as encarnar.
“Sê a mudança que queres ver no mundo” – M. K. Gandhi
Até nos tornarmos trabalhadores, cidadãos responsáveis, cultos, bem educados exemplares, só depois poderão ser feitos juízos sobre os outros e não ao contrário, como tem acontecido todos estes anos. A isso se chama responsabilidade. Para a sociedade portuguesa, é uma palavra com falta de uso, como um livro cheio de pó, escondido por detrás da estante. Enquanto não houver responsabilidade, trabalho e mérito. Jamais haverá uma sociedade evoluída, educada, preparada para futuro, democraticamente sã e economicamente rica e interessante. 
Os defeitos são tantos, os erros enormes, as mentiras estão por todo o lado. Não observem a crise como uma desgraça apenas, vejam como uma oportunidade. Porque é na crise que sobressai o melhor. As grandes mudanças de mentalidade de toda a Humanidade surgiram das crises e das adversidades. Neste tempo, o nosso tempo, da nossa geração, se joga todo o futuro. Mudem, mudem com a crise, mudem e causem mudança, não deixem aos “outros”. Não olhem, cabisbaixos, para esta oportunidade disfarçada como mais uma desgraça a caminho. Aliás quanto a esses deveis, insulta-los e expulsa-los de todo o tipo de consideração. Porque medíocres desse género, não merecem considerações de qualquer género.
Se acabaram de ler todo este palavreado, para dizer que tenho razão, ou não, tendes todo o direito de tomar uma posição contrária ao meu ponto de vista, mas o importante é que não permaneceis do mesmo modo como estáveis antes de ler isto. Tomai iniciativas, posições, deveis discutir isto como os vossos amigos, familiares e desconhecidos.
 Mas o importante é não ficar indiferente a tudo o que acabei de referir. Sejam mudança, tornem-se originais e eficientes. Pois ficar na mesma e descarregar isto sobre os outros é exactamente o que tem sido feito em todos estes anos. Esta é a minha mensagem, a minha oração para um Portugal melhor.


domingo, 9 de outubro de 2011

Universo, Deus(es) e Destino


  O tempo é tão relativo, tudo se pode resumir a um simples segundo, como a longas semanas de tentativas falhadas ou não. O tempo de vida do Sol são milhões e milhões de anos, o tempo de vida do ser humano no máximo são cem anos. O que será o Homem em relação ao resto do Universo? Talvez este nem o considere um grão de areia, o reduza a uma bactéria, a um micróbio, simplesmente ou até menos que isso, mas terá o Universo a paciência de ir buscar um microscópio para ver algo tão insignificante quanto o ser humano? Provavelmente, visto que nós (humanos) só nos damos ao trabalho de ver as bactérias devido ao facto de elas poderem destruir-nos, o Universo então talvez  faça esse esforço, dado que o tão racional Homem destrói todos os dias um pouco relativo do seu abençoado planeta-aquele que foi supostamente criado por Deus, que por sua vez o entregou primeiro, aos Dinossauros, mas que afinal percebeu que eles não eram suficientemente desenvolvidos para cuidar dele, tremendo erro este pensamento, digo-vos, resolveu criar outras espécies de animais, das quais surgiu o Homem primitivo que “ evoluiu “ transformou-se no que somos hoje.
  ''Não, esse pensamento de Deus, não foi errado, o Homem é racional, tem o poder de escolher ser bom ou mau, tem a bênção de pensar e de expressar o que pensa, é o ser mais adequado para preservar o que lhe foi dado.'' Mas será mesmo o Homem livre de escolher a sua essência, ou apenas mudar certos aspectos para tentar ser menos imperfeito? Escolho a segunda opção. Não seremos todos nós umas marionetas comandadas por esse Deus? Um jogo de videogame mas com apenas um game over e sem um restart? Mas algo que me mantém pensativa é: se uma sociedade defende e luta por esse Deus bom, se ele é tão bom assim, porque continuam pessoas a morrer à fome? Pessoas sem um lar, pessoas que terminam com a vida de outras, pessoas que julgam as outras? Parece que o Deus bom se esqueceu de atribuir a todos a mesma essência bondosa que o constitui também (segundo os crentes). Portanto, constatando os factos, acredito em apenas duas coisas: ou tudo à nossa volta foi criado pelo Bem e pelo Mal-Um Deus bom e um Deus mau, visto que o Homem não consegue mudar a sua essência e se essa essência na maioria das pessoas é algo como.. má, se tudo tivesse sido criado por um Deus bom porque criaria ele algo que seria o seu inverso? Esta é a minha opinião mais certa. Ou tudo isto é um resultado de algo científico, em que está cada um por si e a sua essência é independente daquilo que a criou, o que no meu ponto de vista não me faz pensar tanto e não me dá tanta lógica e certeza acerca das coisas, mas que não descarto esta possibilidade e por isso também posso acreditar nela.
  Outra questão que coloco sempre é: E o destino? Já alguma vez pararam para pensar se o destino realmente existe? Eu já e presumo que outras pessoas também. E um dos factos que me leva a acreditar no destino é: nunca se aperceberam que de uma maneira ou de outra, as pessoas que se cruzam na nossa vida são sempre as mesmas? Parece um círculo já muito bem definido e estudado do género ‘Estes conhecerão aqueles, depois irão-se afastar, conhecerão aquelas, e um dia mais tarde aqueles voltarão a encontrar estes’ Como também há pessoas que entram nas nossas vidas por um tempo, mas depois saem, resposta: não têm que ficar, não pertencem ao nosso círculo. Se observarem bem, vão ver que isto é realmente assim. Mas o Homem não tem poder sobre quem fica e quem sai, pode até tentar e essa pessoa até poderá ficar durante mais algum tempo, mas um dia ela sairá. O que me leva a crer que nós não temos controlo sobre nada, é cada vez mais a essa conclusão a que eu chego; o que tiver que ser será, o que não tiver, não será e o ser humano não pode fazer nada em relação a isso. Ele acha-se superior ao resto das espécies existentes no planeta, mas em termos de controlo, ele é igual. Os Deuses mandam, os Deuses controlam, os Deuses escolhem, os Deuses definem. O Homem descobre o que os Deuses criaram, desenvolve o que descobriu e muitas vezes destrói-o, o que leva à sua ingénua auto-destruição. Será isto, algo destinado, definido por alguém superior ou é apenas uma coisa que o cérebro humano simplesmente criou para ter fé e são apenas coincidências?

Mariana Castro

Apresentações Orais, 1º Período - Calendário

10 de Outubro:
Inês Ameixa – Amor de Perdição, de Camilo Castelo-Branco
Oksana – O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne
14 de Outubro:
Carolina – Sonho de uma Noite de Verão,de William Shakespeare
Gonçalo – Noite,de Elie Wiesel
Bernardo – Spartacus, de Howard Fast
Mafalda Morgado – Aparição, de Vergílio Ferreira
24 de Outubro:
Francisca – O Fio da Navalha, de Somerset Maugham
João Pedro – Tom Sawyer, de Mark Twain
Andreia – A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
31 de Outubro:
Ana Catarina – Se Isto é um Homem, de Italo Calvino
Inês Carrasco – A Morte de Ivan Illitch, de Lev Tolstoi
Mafalda Vilhais – O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald
4 de Novembro:
Cláudia – Ficções, de Jorge Luís Borges
Mariana Esteves – Oliver Twist, de Charles Dickens
Ricardo – As Vinhas da Ira,de John Steinbeck
7 de Novembro:
Maria do Carmo – Palácio de Luz, de Paul Auster
Mariana Dinis – Sem Destino, de Imre Kertész
Sofia Pedro – O Nome da Rosa, de Umberto Eco
11 de Novembro:
Marta Barata – As Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar
Sofia David – Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez
Maria João – A Metamorfose, de Franz Kafka
14 de Novembro:
Rita – Orgulho e Preconceito, de Charlotte Bronte
Pedro – Robinson Crusoé, de Daniel Defoe
Miguel – A Paixão do Jovem Werther, de Goethe
18 de Novembro:
Madalena – Terna é a Noite, de F. Scott Fitzgerald
Rui – O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde
21 de Novembro:
Mariana Castro – Madame Bovary, de Gustave Flaubert
Margarida – Sensibilidade e Bom Senso, de Jane Austen
Marta Grilo – Anna Karenina, de Lev Tolstoi

Tourada à Portuguesa


            Tourada, tema muito falado e que divide muitas pessoas pelas diferentes opiniões. A tourada é um espectáculo tradicional de Portugal, Espanha e França, bem como de alguns países da América Latina. Eu escolhi este tema pois é uma tradição portuguesa que divide bastantes pessoas, uns contra, e outros a favor. Nunca iremos chegar a um consenso. Grupos de devesa dos direitos dos animais criticam a prática desta tradição mas mais a frente eu irei tentar explicar o porquê de ser uma tradição e de eu ser a favor. A UNESCO reconheceu a tourada como um "património que evoluiu com a cultura". “...[O que] interessa é defender a tradição de Portugal, a tradição da corrida à portuguesa, o cavalo lusitano, o toiro de lide, a festa e o património material que representa a festa do toiro”.
Este espectáculo consiste na lide de touros bravos. Em cada país a lide do touro é diferente, em Portugal a tradição é menos cruel e sangrenta, pois o touro sai vivo da arena. Na corrida de touros à portuguesa os cavaleiros vestem-se com trajes do século XVIII e os forcados vestem-se como os rapazes do fim do século XIX. As cortesias marcam o início da corrida de touros à portuguesa. No início da corrida todos os intervenientes (cavaleiros, forcados, bandarilheiros, novilheiros, campinos e outros intervenientes) entram na arena e cumprimentam o público, a direcção da corrida e figuras eminentes presentes na praça. Nas corridas de gala à antiga portuguesa o vestuário é de rigor e na arena desfilam coches puxados por cavalos luxuosamente aparelhados. Os touros são lidados por cavaleiros, que têm um tempo determinado para cravar um número variável de farpas, de variados tamanhos, na gordura dorsal do animal. Após a lide do touro pelo cavaleiro é comum entrar em cena o bandarilheiro que efectua algumas manobras com um capote posicionando o touro para a pega. De seguida entram em cena os forcados. Os forcados são um grupo amador que enfrenta o touro a pé com o objectivo de conseguir imobilizar o touro unicamente à força de braços. Oito homens entram na arena, sendo o primeiro o forcado da cara, seguindo-se os chamados ajudas, primeiro e segundo ajuda, e mais forcados que também ajudam na pega, terminando no rabejador que segura no rabo do touro, procurando deter o avanço do animal e fixá-lo num determinado local. Em Portugal as touradas foram proibidas no tempo do Marquês de Pombal, após uma em que faleceu uma grande figura nobre estimada pelo monarca D. José. Voltaram a ser permitidas anos mais tarde, mas sendo proibidos os chamados touros de morte, onde o touro não pode ser morto em praça pública.
Tal como disse mais a cima, a Tourada é uma tradição, até a UNESCO reconheceu a tourada como um património cultural. Se é uma tradição porquê deixar de existir? Realmente o animal sofre mas será o suficiente para acabar? Na minha opinião não. As farpas que os cavaleiros cravam no touro só alcançam a gordura dorsal, pouco mais do que isso. Realmente deita sangue, tal como nós deitamos sangue quando nos cortamos mas não é o suficiente para acabar com uma tradição. Poderei repensar se sou realmente a favor da morte dos touros na arena. Isso não sou, pois aí os espectadores vêm o sofrimento do touro mas isso não acontece em Portugal por isso não têm razão de se revoltarem contra um património cultural. A tourada é uma guerra entre o homem e o animal, quando os forcados entram na arena estão frente a frente com o touro, sem protecção, ninguém protege o homem. Aí o homem não tem muitas probabilidades de morrer? Tem, tantas ou mais como o touro. Mais uma razão para eu ser a favor das touradas é o facto de os touros serem touros bravos, ou seja, são touros escolhidos e tratados com cuidados específicos para poderem ir para a arena. A tourada é como um negócio, dá emprego a várias pessoas, desde os cavaleiros até aos tratadores. Estas pessoas são pessoas que aprenderam com a família a arte deste espectáculo, muito provavelmente têm outro trabalho mas tal como nós gostamos de ter um hobbi, um desporto, uma distracção, estas pessoas gostam de pertencer a um grupo de tourada, de ajudar os cavaleiros, de lá estar, ver todo o espectáculo. O desfile dos cavaleiros com os cavalos, dos forcados, dos bandarilheiros, dos novilheiros, dos campinos e de todos os outros intervenientes, o vestuário tradicional, a lida dos cavaleiros, a pega dos forcados, tudo junto cria um espectáculo que é sempre diferente, que cria ansiedade, medo, felicidade e alegria.
Penso, que todos devemos repensar sobre o porquê da existência das touradas. Existem há mais de 100 anos. Será necessário acabar com esta tradição? Em qualquer livro cultural de cidades, vilas ou aldeias de Portugal a Tourada à Portuguesa aparece. Por alguma razão é. Nas lojas de lembranças há sempre algo com uma cena de Tourada à Portuguesa. Por alguma razão é. Acabar com a Tourada à Portuguesa é a mesma coisa de acabar com as visitas aos monumentos, tapá-los para que ninguém os veja. Iremos estar a acabar com a tradição, com o património cultural.


sábado, 8 de outubro de 2011

Encontro entre Povos e Culturas

A declaração do ano 2008 como ano europeu dedicado ao interculturalismo mostra como este assunto revela a sua importância crescente. Temas como este obrigam-nos a reflectir sob uma perspectiva moral e ética. Ao longo deste texto tentarei abordar temas relacionados com o diálogo entre os povos e a sua importância, assim como os seus obstáculos. Todos nós somos diferentes, isso é um facto, e por isso mesmo tentarei mostrar porque é positivo contactar com várias e diferentes pessoas e que efeito poderá ter a entrada de diferentes culturas no nosso meio.     
Entendamos cultura como um agente de humanização que confere sentido à vida através de princípios ético-morais como as noções de bem e mal, ideias e crenças relacionadas com a política ou religião, instituições sociais como direito ou casamento, conjunto de tradições e costumes e também os preconceitos.
Quando confrontadas com a diferença, normalmente os indivíduos poderão tomar atitudes como o etnocentrismo. Este é expressado através da incompreensão e a não-aceitação do outro que resulta usualmente no agrupamento dos semelhantes em agregados que passam a desenvolver um sentimento de superioridade em relação a outros. O argumento utilizado por estas pessoas é o facto de as outras culturas não conhecerem ou entenderem o seu sistema de vida. A defesa e preservação dos valores em que acreditam leva por vezes à tomada de atitudes como a xenofobia, o racismo e o chauvinismo. Não aceito este argumento, simplesmente não vejo qualquer problema em conviver com outros. Esse não é um factor de inevitabilidade que me fará perder as minhas tradições e esquecer as minhas origens. Parece-me que é por preconceito, essa aceitação de algo acrítica e cegamente de uma ideia concebida e passada de geração em geração que as pessoas assumem tal postura. A ignorância é algo que neste caso as impede de enriquecerem enquanto seres humanos.
Outra atitude frequentemente tomada, parecendo-me a mim a mais habitual, é denominada por relativismo cultural. Esta passa pelo respeito pelas demais culturas, todavia também pela recusa da aceitação destas levando normalmente ao isolamento, enclausuramento dos indivíduos, sendo objectivo destes a preservação da sua cultura.    
O tema do convívio entre os povos pode por vezes ser controverso. Porque é que as diferentes culturas não poderão simplesmente coexistir pacificamente? Uma das causas poderá ser a não uniformidade de valores entre todas as culturas. Algo que num país será bem aceite, poderá não ter a mesma adesão noutro país. Porém este facto não explica nenhuma das atitudes acima descritas.
Para que a paz reine é essencial que as relações entre as culturas se baseiem em princípios como o respeito mútuo e igualdade porque só assim é possível a compreensão da riqueza e complexidade de ambos os lados e promovido o diálogo entre estes. O clima pacífico não é alcançável através da renúncia às tradições. Não é possível através do isolamento que provoca o fraco desenvolvimento dos povos. Valores como liberdade, igualdade, solidariedade, consideração, respeito e tolerância são a chave e devem abundar pois só assim o contacto entre os povos e culturas será bem sucedido.
O diálogo é facilitado pelo interculturalismo. Esta atitude passa pelo reconhecimento da diferença e pela sua valorização e é importante pois nenhuma cultura se encontra ainda desenvolvida ao máximo, por isso o diálogo entre as culturas torna-se num processo enriquecedor para ambas as partes. Por viabilizar a troca de experiências que nos fazem reconhecer o benefício do contacto intercultural promovendo o nosso crescimento e evolução para seres mais humanos, mais ricos, mais sensíveis, com uma mente mais aberta, esta é para mim a postura mais certa a assumir.
 Afirmou Ghandi: “Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade”.
Concordando plenamente com o frase o único inconveniente que encontro nesta citação é “o máximo de liberdade”. Passo a explicar: a liberdade é algo que respeito e que considero mais que importante, essencial. O problema é quando a liberdade passa a ser um pretexto para a imposição de certas culturas sobre outras. Para que isto não aconteça devemos respeitar quem é diferente de nós e encarar a liberdade que nos é proporcionada como uma bênção que permite a coexistência e um clima de paz e segurança.
Utopicamente falando, um meio onde pudéssemos exprimir as nossas crenças, praticar as nossas tradições sem interferirmos com o outro, lhe causarmos qualquer tipo de incómodo e vice-versa, seria perfeito.
Concluindo, posso afirmar que, por o etnocentrismo não fundamentar a dignidade humana nem qualquer coisa benéfica, sou contra ele. Também não concordo com a subordinação de qualquer cultura a uma outra nem com a imposição de opiniões e hábitos por parte de culturas porque acho que ninguém tem esse direito e nem sei como alguém poderá achar que o detém. Pelo contrário, pelo facto de o interculturalismo permitir o enriquecimento dos povos permitido pelo diálogo que possibilita uma interacção harmoniosa, apoio inteiramente o convívio entre os povos. O relativismo cultural para mim faz sentido apenas porque existe respeito envolvido.      
Apenas quando todos formos capazes de olhar para a nossa cultura como um cruzamento entre várias é que as relações entre culturas passarão a ser pacíficas. Nós portugueses e todos os outros não podemos esquecer-nos que coisas simples como a língua que falamos, a numeração que utilizamos e os progressos que temos vindo a fazer resultam todos da intersecção dos povos. Por isto posso afirmar que o encontro entre os povos e culturas constitui uma enorme riqueza para Humanidade. Cada cultura tem algo para nos oferecer, mas o processo é apenas viável se abrirmos a mão do preconceito e formos capazes de olhar o mundo sob uma óptica não egoísta, criando laços com aqueles que são iguais e diferentes de nós e que merecem o nosso respeito.


A Pena de Morte

   Um texto argumentativo, é um texto em que defendemos uma ideia, uma opinião ou um ponto de vista, com o objectivo de persuadir quem o lê, acerca de determinado assunto, isto é, provocar no leitor uma opinião coincidente com a que nós próprios defendemos. Obviamente, que a percentagem de sucesso, está dependente não só do próprio tema, como da cultura e educação de uma sociedade. Por outro lado, existem temas em que o consenso é facilmente alcançável, outros existem, em que a divergência de opiniões é enorme, logo, a capacidade de argumentação terá que ser maior. Por último, e não de menor importância, temos que ter em conta a capacidade de quem argumenta, a facilidade de expressão e exposição.
 
   Tomei a decisão, em argumentar sobre um tema que tem sido muito debatido ao longo dos anos, e que, desta forma, se tem tornado bastante polémico. A pena de morte.
A causa pela qual este assunto é muito discutido, é simples: alguns concordam por inteiro com a pena de morte, outros, estão totalmente contra, mas mesmo estes perante um conjunto de situações, tendo em conta a gravidade de um crime, não terão dificuldade em defender a pena de morte, e essa defesa, será maior por quem infelizmente já foi vítima. Este tema, que à partida parece simples, e consensual, não deixa de criar alguma dificuldade a quem o estuda.

   Não poderia deixar de citar alguns artigos, que considero relevantes para o tema, da Declaração Universal dos Direitos do Humanos.

   - Artigo 3º: “Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”
   
   - Artigo 5º:  “Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.” 
  
 De facto, a pena de morte vai contra os direitos do Homem, contra os direitos humanos.

  Mas afinal o que é a pena de morte?! A pena de morte é uma sentença aplicada pelo poder judiciário, que consiste em retirar legalmente, devo sublinhar, legalmente, a vida a uma pessoa, que cometeu, ou é condenada estando inocente por ter cometido um crime, considerado suficientemente grave, que justifica a pena de morte.
   Nos dias de hoje, muitos países já aboliram a pena de morte, como é o exemplo de Portugal, que foi o primeiro estado moderno da Europa a suprimir esta sentença.
   Apesar disso, ainda muitos países admitem a pena de morte em casos excepcionais, como por exemplo mais de metade dos estados federados dos Estados Unidos da América, a Republica Popular da China, entre outros.
   Esta observação, permite-me concluir que cada país tem uma diferente opinião acerca deste tema. 

   As opiniões que se dividem a favor ou contra a pena de morte são suportadas pelos seguintes argumentos:

   Entre os argumentos a favor, nomeio: há crimes tão horríveis que só a morte resolve; a sociedade não deve trabalhar para sustentar os criminosos; só a pena de morte tem o valor de exemplo bastante, para coibir a brutalidade humana.

   Entre os argumentos contra, destaco alguns como: ninguém tem o direito de privar o outro da vida; a prisão perpétua tem suficiente poder de coerção da criminalidade, oferecendo, além disto, a vantagem da plena recuperação de personalidade do criminoso.

   Pessoalmente, sou contra a pena de morte. Este tipo de pena, é contrária à minha formação e educação, e ao que eu julgo ser uma sociedade justa.
 Certamente, que este tipo de pena será aplicada em situações de criminalidade bastante graves, no entanto, eu entendo que se justificaria outro tipo de pena, e acessoriamente à pena, tentar recuperar o indivíduo para a sociedade, esse é o objectivo da nossa Constituição, apesar da aplicação prática trazer alguma controvérsia.
Punir com pena de morte um indivíduo que cometeu um homicídio, não será um regresso a chamada lei de Talião?  “Olho por olho e dente por dente” utilizada no reino da Babilónia em 1780 aC.
Se o que se pretende com a pena de morte, é dar o exemplo, no sentido de evitar crimes de natureza grave no futuro, o exemplo ficará pelo caminho, pois a estatística dá-nos indicações contrárias sobre o número de crimes graves, de facto, este tipo de crimes não tem diminuído.
Até que ponto, não seria mais valioso para a sociedade, o exemplo de arrependimento do próprio indivíduo que praticou o crime?
Não quero com isto dizer que se deva desculpar um crime, ou um criminoso, existem outros tipos de penas que podem, e devem ser aplicadas, substituindo assim a pena de morte.
 Outro assunto, que me deixa alguma tristeza, é apenas, pensar na possibilidade, de alguém vir a ser condenado a uma pena de morte, sem ter cometido qualquer crime, revolta-me a ideia de um inocente ser condenado à morte, sim, porque os erros existem, errar é humano, e o poder judiciário sendo feito por homens, não está imune ao erro. É possível o erro, como também é possível na maior parte das vezes reparar o erro, na pena de morte, na morte, não há possibilidade, nem de reparação, nem de trazer à vida aquele que foi condenado, com a mais desumana das penas.
Um dos dez mandamentos para os cristãos, enunciados por Deus, como regras para os Homens, é, “Não matarás”, a pena de morte, nada resolverá, não pode um homem condenar outro à morte. Para a Igreja Católica, só Deus poderá tirar a vida.

    Não se pode abreviar a vida, porque existe a possibilidade de arrependimento futuro, a pena de morte não é, nem nunca será, em minha opinião compatível com um mundo civilizado.

   Concluindo, declaro que sou totalmente contra esta forma de julgamento, pois independentemente de tudo, todo o cidadão tem direito à vida e à sua segurança pessoal, por outro lado, pergunto quem se julga ser detentor de tamanha legitimidade para condenar a morrer um seu semelhante?
   É claro que a pena de morte também levanta muitas outras questões, para além das de ordem cultural e social, como já referi.
   Necessidade ou crueldade? É a pergunta que deixo, a par de muitas outras que aqui ficam em aberto.

 Inês Ameixa nº14

A Eutanásia


A experiência e o limite

O tempo passa, o mundo dá voltas e as pessoas mudam com o tempo. Todos nós nos tentamos prender à ideia que somos diferentes, únicos, intocáveis, intemporais e acima de tudo invencíveis. Mas a triste ou feliz verdade, dependendo do ponto de vista, é que ninguém vive para sempre. Talvez seja possível pensar que sim quando estamos no auge da juventude mas ninguém foge ao envelhecimento: nem os ricos, nem os pobres, morais ou imorais.
Sempre ouvi dizer que a vida se dividia em seis fases: bebé, criança, adolescente, jovem adulto, adulto e idoso. Pois parece que quando uma pessoa faz essa complicada passagem de uma criança adorável e inocente para adolescente temperamental o comboio descarrila. Todos pensam: "Mas que raio se passou aqui?". As hormonas fazem das suas pequenas partidas nas pessoas, e as atitudes que outrora pareciam impossíveis, passam a ser o mais regular. Então qual é o limite para um adolescente? Qual é o limite para uma pessoa que é apresentada a um mundo liberal onde os únicos impedimentos para a possibilidade de quebrar as regras são as leis da sua própria consciência?
Existe quem pense que controlar e monitorizar o adolescente de perto é a atitude correcta. Eu acredito na experiência moderada combinada com algum diálogo parental. Estamos na idade de cometer erros, na idade de "não pensar". Mas o problema desta teoria é que é necessário ter também a responsabilidade necessária para suportar os erros e para nos levantarmos quando caímos.
Sempre tive vários conflitos por causa deste tema: sou contra quem me diz: “Se os jovens são pessoas informadas não deviam cometer os mesmos erros que as gerações passadas.” Eu entendo, e, é de facto um argumento válido, mas na realidade uma vida sem erros é uma vida sem experiências. Por vezes os pais, professores ou qualquer guia que tenhamos na nossa vida querem tentar antecipar as nossas questões para evitar sofrimentos futuros. Mas o único método realmente eficaz é viver! Por vezes temos de "ser estúpidos" e fazer algo que mais provavelmente não vai correr bem, mas e se correr? Como disse acima, na minha opinião, estamos na idade da experiência e senão experimentarmos nesta altura quando é que vamos experimentar? Quando tivermos 40 anos, marido, filhos e carreira estabelecida? 
Muitos pais não se conseguem conformar por deixarem de estar no “patamar” de heróis insubstituíveis dos filhos e não conseguem aguentar o olhar crítico dos jovens. Por isso existem pais que controlam exageradamente a vida dos filhos, como se pudessem, com isso, voltar a tê-los como crianças. Demasiado controlo e falta de liberdade apenas traz mais aversão a regras e rebeldia, daí não ser a melhor forma de tratar um adolescente.
Quem pode dizer que nunca se sentiu tentado a passar o limite, quebrar as regras? Eu digo honestamente que sim. E sim já errei, já me arrependi mas com essas coisas consegui aprender. O mais provável e que ainda vá tomar o caminho errado algumas vezes mas afinal como é que uma criança percebe que o fogo queima? Com a experiência. Mas a verdade é que cada erro deixa em nós uma ferida que com o tempo se torna numa pequena cicatriz e essa cicatriz é um lembrete de que errámos, que somos humanos. O importante é termos a capacidade de não voltar a errar e a cair no mesmo buraco!
Em conclusão a experiência é a melhor forma de crescer, é a partir dela e dos conjuntos de erros e vivências, que cada jovem indivíduo se torna um cidadão do mundo com ideias, histórias, sonhos e acima de tudo, conhecimento!


Andreia Bordon Rosa

Texto argumentativo

Desde há muitos anos é debatida a questão acerca da legalização da “Cannabis” , e dos seus prós e contras. Decidi, porém, fazer um estudo atento, tentando encontrar nexo na legalização de substâncias talvez mais prejudiciais para a saúde humana: como são exemplo o tabaco e o álcool e na proibição desta mesma.
A “Cannabis” é um género botânico de algumas plantas da qual se produz o haxixe que é utilizado como uma droga psicoactiva, que tanto pode ser fumado ou ingerido. A sua proibição está escondida atrás de um preconceito atroz por parte das altas elites perante os imigrantes e os escravos. Factos históricos comprovados, revelam que, no início do século XX, nos Estados Unidos da América, imigrantes mexicanos e escravos recém-libertados fumavam haxixe. O preconceito das elites relativamente aos de “raça inferior” levou a um esforço bem sucedido para marginalizar a droga consumida por estes e proíbi-la. Este feito por parte da “raça superior” levou centenas de imigrantes à prisão e retirou-os das ruas, principal objectivo do movimento. Podemos retirar como conclusão da história relativa à proibição da “Cannabis” que não existem argumentos fiáveis e lógica, não existiam estudos que comprovassem problemas de saúde, simplesmente uma necessidade de afirmação e controlo social por parte das grandes elites. Necessidade essa que foi totalmente abraçada por uma sociedade hipócrita e preconceituosa que se manteve até aos dias de hoje.
A sociedade em que vivemos consome diariamente drogas que são comercializadas livremente, como é o caso do tabaco e do álcool. Estas drogas legais são, por vezes, símbolos de sofisticação e de status, existindo ainda propagandas que incentivam ao consumo destas mesmas. Que Mundo é este que nos incentiva e nos leva a um degredo a nível da nossa saúde?
Quando comparamos estas drogas à “Cannabis” podemos encontrar argumentos que invalidam a lógica da proibição desta mesma. Estudos recentes comprovaram que, fumar “Cannabis”, não afecta a condução, podendo torná-la apenas um pouco mais lenta. No entanto, pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluíram que, cerca de 75% dos acidentes de trânsito com vítimas mortais têm como causa o consumo elevado de álcool. Uma vantagem muito relevante do consumo de “Cannabis” relativamente ao de álcool.
Recentemente avanços medicinais comprovaram que, o consumo de “Cannabis” provoca cancro, assim como o do tabaco e o do álcool (mesmo assim em dimensões menores). Mas, no entanto, o consumo de “Cannabis” é utilizado para fins medicinais, como é o caso do tratamento de esclerose amiotrófica e trauma raquimedular e ainda, com o intuíto do relaxamento e alívio das dores provocadas por doenças crónicas, como é o próprio caso do cancro.
Para além dos fins medicinais referidos anteriormente existem também outros fins de igual importância como é o caso da sensação de bem-estar, euforia leve, introspecção, facilidade de expressão, aumento da percepção sensorial táctil, aumento do apetite, baixar a tensão (alta), insónias e alívio de dores menstruais.
A “Cannabis” é ainda uma droga que não provoca qualquer dependência, ao contrário do tabaco e do álcool. O tabaco (mais específicamente a nicotina) e o álcool provocam dependências físicas e psicológicas. O tabaco torna o fumador nervoso, ou seja, o fumador só se consegue “acalmar” quando está a fumar, o que torna a nicotina num tranquilizante e o tabaco num vício.
O álcool ao ser ingerido, pode causar efeitos depressivos, tal como o tabaco quando não é consumido. A “Cannabis” pelo contrário, causa somente efeitos anti-depressivos, levando a sensação de relaxamente e bem-estar, como foi referido anteriormente.
Existe ainda a teoria de que o haxixe pode provocar uma morte rápida (AVC), mas estudos revelam que o ser humano não pode morrer se somente tiver ingerido THC (composto químico psico-activo contido na Cannabis), a menos que a administação da dose tenha sido em dimensões exageradas e de forma intravenosa. Estudos realizados comprovam que o tabaco, provoca no ser humano uma morte lenta e dolorosa, com a amputação de dedos, pernas e braços, cancro do pulmão, efisema, ou próstata (de acordo com o observatório dos recursos humanos), ao contrário do haxixe.
Após a apresentação de argumentos que demonstram que a “Cannabis” tem diversas vantagens quando comparada a outras drogas que são aceites e legais, podemos concluír que vivemos numa sociedade essencialmente preconceituosa, que se rege por uma lógica não existente. Ao legalizarem o tabaco e o álcool, têm obrigatoriamente de legalizar a “Cannabis”, por uma questão de potencial. A “Cannabis” não tem potencial para originar tantos problemas como têm o álcool e o tabaco. Está cientícamente provado que a “Cannabis” é uma droga mais benéfica para a saúde quando comparada aos exemplos que referi anteriormente. Na minha opinião, a solução seria a legalização dos três, ou a proibição dos três, já que, avaliando os factos, podemos concluír que o haxixe é, das três drogas, a menos prejudicial.

Sofia Pedro